A sociedade brasileira tem acompanhado com certa perplexidade os rumos que as campanhas políticas têm tomado nos últimos anos, um cenário que se intensificou nos últimos meses, nesta eleição atual.
É notório o quanto as manipulações nas mídias sociais podem distorcer a percepção da realidade, com edições que alteram o sentido original dos vídeos quando vistos fora de seu contexto completo. Embora esse fenômeno pareça recente, ele já havia sido antecipado por Guy Debord em sua obra A Sociedade do Espetáculo, publicada em 1967. O filósofo e teórico marxista francês criticava a crescente mercantilização da vida cotidiana e a transformação das relações sociais em meras representações espetaculares. Para Debord, a realidade seria cada vez mais mediada por imagens superficiais, alienando os indivíduos da essência das interações sociais — um diagnóstico que se torna ainda mais relevante com o advento das redes sociais.
Nesse contexto, artistas marginalizados têm sido severamente impactados pelas performances digitais e estratégias midiáticas, onde as redes sociais deixaram de refletir a vida cotidiana para se tornarem moldadoras de narrativas derivadas de distorções industriais e superficiais. Muitos artistas, para não serem excluídos, sentiram-se pressionados a se adaptar a essas novas dinâmicas.
A arte, por sua vez, se viu diante de um novo dilema e buscou no vandalismo artístico uma forma de resistência, uma ação contra o sistema que permitisse sua própria preservação. Afinal, as redes sociais não incentivaram a arte, mas, ao contrário, passaram a algoritmizar seu mercado e manipular tendências. Assim, a preocupação que atualmente afeta a sociedade e a política já vem sendo enfrentada pela arte há algum tempo.