Resistência Cultural nas Periferias de Pernambuco

As periferias de Pernambuco são espaços vibrantes de resistência cultural. Em locais como o Alto José do Pinho, a música e a arte se misturam à luta pela sobrevivência. Na década de 1990, bandas como Devotos e Eddie colocaram o rock periférico no mapa, desafiando a exclusão social. No entanto, a falta de ações para preservar essa memória cultural coloca em risco a continuidade das tradições locais. Este artigo explora a resistência cultural das periferias pernambucanas e os desafios enfrentados na preservação de sua rica herança.

Comunidades Periféricas: Presença e Resiliência

Pernambuco abriga cerca de 600 comunidades periféricas, segundo mapeamentos sociais. Bairros como Brasília Teimosa e Coque se destacam, enfrentando marginalização e pobreza, mas também criando uma cultura vibrante. Brasília Teimosa, por exemplo, surgiu nos anos 1950 e ganhou fama por sua teimosia em resistir às remoções forçadas. Aqui, a criatividade floresceu em meio às dificuldades.

O Alto José do Pinho também se tornou um epicentro do rock alternativo. Bandas como Devotos emergiram, mostrando que a arte pode ser uma forma poderosa de resistência.

Falta de Políticas Públicas e Risco de Apagamento

Apesar da riqueza cultural, as periferias enfrentam abandono estatal. Esse cenário resulta em um apagamento gradual das memórias locais e dos grandes nomes que brotaram desses territórios. O Morro da Conceição, famoso por sua procissão em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, é um exemplo. Suas tradições religiosas coexistem com a música popular, mas frequentemente recebem pouca atenção do governo.

A falta de políticas públicas de preservação cultural ameaça não só as tradições artísticas, mas também figuras históricas como Chico Science. Embora ele seja um ícone do Manguebeat, muitos outros artistas periféricos não recebem o reconhecimento que merecem.

O Problema que Se Agrava

A ausência de políticas culturais direcionadas à periferia, combinada com a gentrificação, coloca em risco a memória cultural. A especulação imobiliária desaloja moradores e transforma espaços históricos, como o Coque, que abriga projetos sociais voltados para a música e o teatro. Essas iniciativas, essenciais para a identidade cultural, enfrentam pressões para desaparecer.

Essa perda não é apenas física; é uma erosão de histórias e práticas que moldaram a cultura pernambucana. Sem registros adequados e apoio, as manifestações artísticas correm o risco de se perder.

Projetos que Fazem a Diferença

Apesar do cenário desafiador, a resistência cultural permanece viva em iniciativas comunitárias. Em Ibura, oficinas de maracatu ensinam às crianças e jovens a importância de suas raízes. Em Olinda, as rodas de coco e sambas de terreiro resistem, mas dependem de apoio constante.

Esses esforços são cruciais, mas não devem ficar a cargo apenas das comunidades. O Estado precisa assumir um compromisso com a preservação e valorização dessas culturas.

O projeto Sobrecultura tem buscado intervir nesse problema atuando ativamente para documentar esses agentes da cultura. Como pode ser visto no link

O Futuro da Memória Periférica

Se as políticas públicas não se voltarem para a cultura periférica, corremos o risco de perder grandes expoentes. Preservar essa cultura é garantir que as futuras gerações conheçam suas histórias e tradições. A cultura das periferias de Pernambuco é uma celebração da resiliência e da criatividade. Preservá-la é um dever social.

As periferias de Pernambuco são locais de rica produção cultural. A resistência e a luta por reconhecimento são marcas da identidade desses espaços. No entanto, sem ações efetivas de preservação, corremos o risco de perder parte importante da nossa história. Preservar a cultura das periferias é assegurar que suas vozes continuem a ecoar e a inspirar as próximas gerações, mantendo viva a chama da resistência cultural que define Pernambuco.

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
Fundação Joaquim Nabuco
Cultura Pernambuco

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