Algoritmos Artísticos e Preconceitos: Responsabilidade Social
A interação entre arte, tecnologia e sociedade revela os reflexos dos preconceitos arraigados em nossas estruturas sociais. Ao examinar algoritmos que geram arte, é crucial reconhecer como essas ferramentas podem perpetuar estereótipos e discriminações. Por exemplo, algoritmos de inteligência artificial generativa de imagens podem reproduzir viés racial e sexista, como evidenciado por Buolamwini e Gebru (2018) em “Gender Shades”, onde a descrição “Jovem da Periferia” resultou predominantemente em imagens de pessoas negras e pardas. Da mesma forma, bugs em algoritmos de reconhecimento de imagem, como o incidente em que o Google associou erroneamente imagens de homens negros a gorilas, destacam como a falta de diversidade e sensibilidade nos conjuntos de dados de treinamento pode levar a resultados prejudiciais.
A relação entre a tecnologia e o contrato social de Rousseau é fundamental para compreender a responsabilidade compartilhada na criação de ferramentas inclusivas e livres de preconceitos. Rousseau argumenta que o contrato social é um acordo entre os indivíduos e a sociedade para garantir a proteção dos direitos fundamentais. Nesse sentido, a responsabilidade de garantir que algoritmos e obras de arte geradas por eles respeitem os direitos individuais e coletivos recai sobre todos os membros da sociedade, incluindo artistas, desenvolvedores de tecnologia e usuários finais.
A ausência de supervisão adequada e a falta de consideração para com a diversidade podem resultar em consequências negativas que reverberam na sociedade. É essencial que se adotem medidas para garantir que os algoritmos e as obras de arte geradas por eles respeitem os direitos individuais e coletivos.
A questão legal também surge como uma preocupação central. O bem-estar individual é um direito fundamental que não pode ser comprometido em prol do avanço tecnológico. A violação de direitos particulares, seja por meio de reprodução de estereótipos ou por associações indevidas, representa uma transgressão que deve ser abordada tanto socialmente quanto legalmente. A regulamentação nesse sentido não é apenas uma questão de convenção social, mas sim de proteção dos direitos fundamentais dos indivíduos.
Além disso, a conduta das empresas de tecnologia, muitas vezes mais poderosas e influentes do que os próprios países, deve ser submetida a um escrutínio rigoroso. Quando os interesses corporativos entram em conflito com o bem-estar coletivo e os direitos individuais, surge uma ameaça à integridade da sociedade como um todo. A luta por uma arte digital mais justa e representativa exige não apenas a conscientização dos desenvolvedores e artistas, mas também a implementação de políticas e regulamentações que garantam a equidade e a inclusão em todas as etapas do processo criativo e tecnológico.